# Resenha: O Homem Invisível, H. G. Wells

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"Tranquem as portas! Tranquem as janelas! Tranquem tudo! O Homem Invisível vem aí!" *



* trecho retirado da página 198, do livro O Homem Invisível

    Oi, como vai você? Almoçou hoje? Comeu sua dose diária de chocolate? Pensou na possibilidade de ser invisível? Bem, se não, H. G. Wells fez isso por você. Ele é um famoso autor de ficção científica que ficou conhecido por obras como A Guerra dos Mundos e A Máquina do Tempo.
    Então, vamos lá: peguei o livro na biblioteca da escola. Novo, veio do governo. Interessei-me pela capa e pelo assunto, além de ser um clássico. Li em uma semana. Seguinte: mais um livro ótimo!
    A tradução, prefácio e as notas ficaram por conta de Braulio Tavares. Vou usar e comentar um pouco do prefácio feito por Tavares: "O Homem Invisível (1897) foi o quinto livro publicado por H. G. Wells depois de sua estreia em 1895 com A máquina do tempo. "
    Wells publicou vários livros e ficou conhecido por seu talento na área de ficção científica, de mundos impossíveis e criaturas que desafiam a racionalidade. Como fala Tavares, o tema da invisibilidade não era novo, mas o autor deu uma premissa com aparência científica. No fim, a obra mostra-se uma leitura acessível para os leigos, rápida para os que não tem tempo e clássica, com elementos já conhecidos mas que ganham uma nova aparência na escrita de Wells.

Identidade Literária

    Título: O Homem invisível
    Título original: The invisible man
Páginas: 216
    Autor: H. G. Wells
    Editora: Alfaguara
    

    

    Um homem misterioso chega para aguçar a curiosidade das pessoas em Iping. Ele está com casacos, luvas, chapéu, óculos escuros, bandagens e a única parte visível de seu corpo parece ser seu nariz. Conforme os dias passam, instalado em uma hospedaria, os donos e vizinhos começam a se perguntar quem ele realmente é. Com hábitos estranhos, acaba chamando atenção: fica isolado em seu quarto, não come com pessoas por perto, é rude e vem acompanhado de malas, livros e vários vidros e tubos de ensaio, indicando conhecimento científico.
    Então, revela seu segredo: é invisível. Apesar de alguns problemas, se nu, pode facilmente passar ao seu lado sem que você perceba. A história começa com o estranho misterioso e depois ganha outras proporções conforme suas ações ficam mais violentas e o número de pessoas desconfiadas cresce. 
    Depois que o seu segredo é descoberto, o Homem Invisível tenta fugir, mas com frequentes acessos de raiva bate em pessoas, quebra janelas, derruba mobília, rouba e promete o caos aos transeuntes que estiverem em seu caminho!

    Mas como conseguiu sua invisibilidade? Recebe ajuda para seus planos? O que o motiva a ser tão violento e usar sua singularidade para assustar e horrorizar à todos? Quer saber? Leia o livro! Ha, ha, ha!
   No prefácio do livro, podemos saber que Wells afirmou ter se inspirado, em primeiro lugar, no poema humorístico "The perils of invisibility", de W. S. Gilbert (1836-1911). O protagonista do poema, Old Peter, recebe da fada Picklekin o dom da invisibilidade, mas o mesmo não acontece com suas roupas:

    "(...) A well-bred fairy (so I've heard)
Is always faithful to her word:
Old PETER vanished like a shot,
But then - HIS SUIT OF CLOTHES DID NOT! (...)
So there remained a coat of blue,
A vest and double eyeglass too,
His tail, his shoes, his socks as well,
His pair of - no, I must not tell (...)" *

    * Uma fada bem-nascida (pelo que me disseram) / sempre mantém sua palavra: / O velho Peter sumiu num instante, / mas não suas roupas. / E ali estavam um paletó azul, / um colete, um par de óculos, / sua casaca, seus sapatos, até suas meias, / e um par de... oh, isso não posso dizer.


    Braulio Tavares também comenta (e eu assino embaixo) que a originalidade maior de Wells não reside no uso do tema, mas na explicação razoavelmente convincente que ele inventou. "O leitor sabe que é impossível; mas quando um leitor quer ser seduzido, basta-lhe uma mentira atraente; ele quer acreditar, mas não acreditará em qualquer coisa."

    Um detalhe muito interessante, que não podemos nos esquecer: o livro apresenta algumas falhas do autor, Herbert George Wells. "Aqui e acolá o texto apresenta pequenos erros de continuidade, ou pequenas pontas deixadas soltas sem um esclarecimento final. O autor tinha consciência disso. Em sua autobiografia, ele reconhece: 'Os críticos não precisam vir me informar de que uma boa pate da minha obra é escrita com desleixo, mal-acabada, impaciente. Grande parte dela foi redigida às pressas e revisada sem muita atenção, e há partes que têm uma textura tão pálida e pastosa quanto o rosto de uma freira alimentada com goma.' Suas qualidades como escritor não são das do estilista, e sim as do autor que mal tem tempo de colocar no papel o jorro de imagens que lhe brota na mente."

    Wells nasceu em 1866, em Bromley, na Inglaterra. Trabalhou como professor de biologia, jornalista e escritor profissional. Foi grande amigo de Thomas H. Huxley, que conheceu na Escola Normal de Ciência, em Londres. Perto de seus últimos dias, Wells já havia perdido a esperança em relação ao desenvolvimento do ser humano. Morreu em 1946.
    O Homem Invisível até hoje é uma figura de destaque: já foram feitos filmes e muito mais, baseando-se na obra de Wells. O filme clássico do Estúdio Universal, de 1933, ganhou várias sequências.
    Então, livro nota dez! Leitura rápida e agradável (como a da maioria dos livros antigos), edição bela e boa, não se considere um fã de ficção científica ou de horror sem antes ler esse livro! Veja abaixo o trailer do filme de 1933.



    

Não Derrame Café no Seu Livro, por João Augusto ;)


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